segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Papa alerta sobre a tentação de construir um mundo sem Deus



Bento XVI alertou no Vaticano, neste domingo, 26 de fevereiro, para a “tentação” de eliminar Deus da construção da sociedade, que considera estar “sempre presente” na história da humanidade.

O Papa falava a milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a recitação da oração do Angelus, comentando uma passagem do Evangelho que relata as “tentações” a que Jesus foi submetido no deserto, um lugar que pode servir como “refúgio”.

Para Bento XVI, muitos procuram construir a sua vida “fora” de Deus ou como “se Ele não existisse”, contando apenas com as suas próprias capacidades para “colocar ordem em si próprios e no mundo”.

Nesse contexto, apelou à “paciência e humildade” para seguir Jesus, “fonte da verdadeira vida”.

No primeiro domingo após o início da Quaresma, em preparação para a Páscoa, o Papa disse que este tempo litúrgico é “exigente” porque convida os católicos a “voltarem para Deus”, orientando pensamentos e ações para o bem.

“O tempo da Quaresma é o momento propício para renovar e tornar mais firme a nossa relação com Deus, através da oração quotidiana, os gestos de penitência, as obras de caridade fraterna”, assinalou.

A Quaresma, que começou esta quarta-feira, com a celebração de cinzas, é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa (este ano a 8 de abril), principal festa do calendário cristão.


Papa pede orações para semana de retiro com os seus colaboradores

Bento XVI e os seus colaboradores na Cúria Romana iniciam no Vaticano, na segunda-feira, uma semana dedicada à reflexão, sem outros compromissos oficiais, iniciativa para a qual o Papa pediu a "oração" dos fiéis.

O retiro de Quaresma foi recordado esta manhã durante o encontro do Papa com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a recitação do Angelus.

"Confio à vossa oração a semana de exercícios espirituais que esta tarde iniciarei com os meus colaboradores da Cúria Romana", disse Bento XVI.

Estes dias vão ser orientados pelo cardeal africano D. Laurent Monsengwo Pasinya, de 72 anos.

O arcebispo de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, foi escolhido devido ao seu compromisso com a paz no país e por ter sido uma voz importante na defesa dos direitos humanos, especialmente durante a ditadura de Mobutu Sese Seko.

"A comunhão do cristão com Deus" vai ser o tema das pregações do especialista na Bíblia que em 2008 foi secretário especial do Sínodo dos bispos sobre a Palavra de Deus, e que em novembro de 2010 foi criado cardeal por Bento XVI.



Veja na íntegra a mensagem do Papa no Ângelus

Queridos irmãos e irmãs!

Neste primeiro domingo da Quaresma, encontramos Jesus que, depois de ter recebido o batismo no rio Jordão por João Batista (cf. Mc 1,9), é tentado no deserto (cf. Mc 1:12-13). A narração de São Marcos é concisa, desprovida de detalhes que lemos nos outros dois Evangelhos de Mateus e de Lucas. O deserto do qual se fala tem diversos significados. Pode indicar o estado de abandono e solidão, o "lugar" da fraqueza do homem, onde não há apoios e seguranças, onde a tentação se faz mais forte. Mas também pode indicar um lugar de refúgio e abrigo, como foi para o povo de Israel na fuga da escravidão egípcia, onde é possível experimentar, de maneira particular, a presença de Deus. Jesus "esteve no deserto quarenta dias, tentado por satanás" (Mc 1,13). São Leão Magno diz que "o Senhor quis sofrer o ataque do tentador para defender com a sua ajuda e para ensinar com o seu exemplo" (Tractatus XXXIX, 3 De ieiunio quadragesimae: CCL 138 / A Turnholti, 1973, 214-215) .

O que pode nos ensinar esse episódio? Como lemos no livro da Imitação de Cristo, “o homem nunca é totalmente livre da tentação, enquanto viver ... Mas é com paciência e verdadeira humildade, se tornará mais fortes do que qualquer inimigo" (Liber I, c. XIII , Cidade do Vaticano 1982, 37), a paciência e a humildade de seguir o Senhor todos os dias, aprendendo a construir a nossa vida não fora dele como se não existisse, mas Nele e com Ele, porque é a fonte da verdadeira vida. A tentação de remover Deus, de colocar ordem sozinho em nós mesmos e no mundo contando apenas com as próprias habilidades, está sempre presente na história humana.

Jesus proclama que "o tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus" (Mc 1,15), anuncia que Nele acontece algo novo: Deus se fez homem, de uma forma inesperada, com uma proximidade única e concreta, plena de amor; Deus se encarna e entra no mundo como homem para tomar sobre si o pecado, para vencer o mal e reconduzir o homem ao mundo de Deus. Mas este anúncio é acompanhado pela exigência de corresponder a esse dom tão grande. Jesus, de fato, acrescenta: "convertei-vos e crede no evangelho" (Mc 1,15); é um convite a ter fé em Deus e a converter todos os dias nossas vidas a Sua vontade, orientando, para o bem, todas as nossas ações e pensamentos.O tempo da Quaresma é um tempo propício para renovar e melhorar o equilíbrio do nosso relacionamento com Deus, através da oração cotidiana, dos atos de penitência, e das obras de caridade fraterna.

Supliquemos com fervor Maria Santíssima para que acompanhe o nosso caminho quaresmal com sua proteção e ajude-nos a imprimir em nosso coração e em nossa vida as palavras de Jesus Cristo, para convertermos a Ele. Confio, por fim, as vossas orações pela semana de Exercícios Espirituais que nesta noite iniciarei junto aos meus Colaboradores da Cúria Romana.