segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Páscoa para poucos

Como manifestar a verdadeira alegria da ressurreição de Cristo em meio à crescente alienação consumista?

Em meio ao inacreditável número de 1,3 mil toneladas de chocolates produzidas este ano para atender a fome de consumo de nossa sociedade, nos deparamos com a desvalorização de nossa maior festa. A Páscoa.
Quando pesquisamos o termo Páscoa no “Google” o resultado é desolador. Das primeiras cem imagens, apenas três estão relacionadas diretamente a Cristo. O que seria isso então? A nossa sociedade se esqueceu do sentido primeiro da Páscoa? Ou estamos com vergonha de anunciar a ressurreição de Cristo?
Como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, a ressurreição de Jesus é a verdade culminante de nossa fé em Cristo e de fato esta verdade deve tornar-se vida em nossa vida. ”Cristo ressuscitou dos mortos. Por sua morte venceu a morte. Aos mortos deu a vida”. Cristo quis que com Sua ressurreição, também nós, pecadores nos aproximássemos do Amor de Deus e gozássemos da vida eterna, como nos adverte São Paulo quando escreve para a comunidade de Coríntios: “Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram… assim como todos que morreram em Adão, em Cristo todos receberão a vida” (conf. 1Cor. 15, 20-22).
Páscoa é tempo de alegria, de festa, pois o Senhor ressuscitou e está conosco, cumprindo as promessas do Antigo Testamento e é Nele que encontramos o princípio de nossa própria ressurreição. Abrindo para nós as portas do céu e libertando a humanidade dos pecados, Jesus dá início a uma humanidade vitoriosa, liberta das atrações do mal e crente na construção do Seu Reino em nosso meio.
Certamente, quando nos referimos a esta festa magnífica, os nossos olhares podem ser atraídos pelas tentativas midiáticas, muitas vezes ilusionistas, que nos ludibriam, fazendo com que nossos sentidos sejam anestesiados pela ganância do lucro e da falsa alegria que está em celebrarmos a Páscoa sem a figura de Cristo.
Meus queridos irmãos, estejamos atentos às palavras de sua santidade, papa Bento XVI, quanto ao sentido pascal: “O acontecimento da morte e ressurreição de Cristo é o coração do Cristianismo, o ponto central de nossa fé, o poderoso impulso da nossa certeza, o vento forte que afugenta toda a angústia e incerteza, a dúvida e o calculismo humano.” Estas palavras devem animar a nossa alma e nos conscientizar da extrema responsabilidade de que, como católicos, precisamos professar nossa fé com firmeza, autenticidade e convicção de que precisamos tornar o Reino de Deus uma realidade. Isto é possível. Cristo está conosco, a Igreja é por nós, tenhamos coragem!
Termino esta conversa, com a última célebre frase de Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão que em 1945 foi executado em um campo de concentração por ser contra a repressão nazista e as atrocidades que os soldados aliados praticavam aos judeus: “Quem compreende a Páscoa não se desespera”. Certamente ao olharmos para este exemplo de fé, temos a certeza de que é possível manifestar a vitória de Jesus Cristo ressuscitado dos mortos. Vivo em nossas vidas e presente em nosso tempo.
Peçamos a Virgem Maria, modelo de oração e discipulado a interceder por Seu filho, Nosso Senhor e fazer com que nosso coração seja completamente entregue ao mistério pascal; que neste tempo de júbilo, nós da paróquia Santa Maria Goretti, tenhamos coragem para assumir as dificuldades de sermos cristãos frente ao universo aniquilador do consumo e prudência para discernirmos aquilo que é, infelizmente e ainda, para poucos a verdade.
Autor: Seminarista Felipe Fernandes do primeiro ano de Filosofia